Com paixão, confiança e perseverança, empreendedor cresce e expande empresa até o exterior

O jeito padrão de contratar novos colaboradores funciona, não há dúvida, mas sempre pode melhorar. Esse foi o ponto de partida da jornada empreendedora de Daniel Campos Neto, fundador e CEO da consultoria de RH e de outsourcing EDC.

Campos Neto contou ao podcast Inspire, da Zoho do Brasil, que, em 2010, largou o emprego em uma multinacional e se juntou a um amigo para fundar a EDC. “A gente não tinha um plano de negócios. Tivemos muito mais coragem – ou irresponsabilidade”, descreve. “Mas também ninguém cresce sozinho. Saber valorizar o trabalho do outro é primordial”, opina.

Ambos eram “engenheiros pragmáticos” e passaram a bater de porta em porta apenas com a crença forte de que poderíamos resolver uma dor dos possíveis clientes. “Para ter sucesso, você precisa ter um time competente. Percebi que havia muitas falhas no processo de recrutamento de grandes empresas”, aponta. A confirmação veio das conversas que tiveram com gestores de RH. “Fizemos entrevistas reversas com os clientes. Éramos dois jovens batendo um papo com eles e decodificando todos os seus problemas, para depois traduzir tudo e apresentar os candidatos”, detalha.

Segundo Campos Neto, o normal do mercado é o gestor “dono da vaga” entregar para o RH o descritivo da vaga com o perfil do profissional que ele busca, mas isso causa um grande distanciamento entre o gestor e quem vai fazer a seleção (RH). “Metade dos problemas acontecem por essa distância”, afirma.

“Na EDC, a gente se aproximou do gestor. Eu não peço mais para ele mandar o descritivo da vaga. Peço para conversar com ele, para que me conte o que está acontecendo”, descreve.

Campos Neto lembra que, normalmente, os gestores de RH descrevem somente as hard skills. No entanto, afirma, para ter sucesso, é preciso somar essas competências técnicas e de conhecimento com as capacidades comportamentais, que são as soft skills. “A gente incluiu essa análise e humanizou o processo”, explica.

Segundo ele, a inclusão das habilidades humanas de relacionamento na análise dos profissionais perfeitos para a vaga busca contextualizar suas competências e responder à transformação da sociedade e à aceleração das mudanças no mercado de trabalho. “Ter isso como os dois pilares do processo de seleção é um grande diferencial”, afirma.

Ele dá um exemplo: “A competência técnica de saber usar uma linguagem tal pode ser a mesma para candidatos que vão trabalhar com TI [Tecnologia da Informação], mas quem disse que essas habilidades relacionais podem ser as mesmas se um vai para uma vaga em um hospital e o outro para um banco? Por isso que dava errado seguir apenas as competências escritas num papel”.

Campos Neto lembra que soft skills supõem contato humano. “Pode ter toda tecnologia do mundo, mas é preciso haver relação humana durante o recrutamento”, defende. “Como detectar empatia, resiliência e capacidade de resolver problemas? Numa conversa, mesmo que online, é muito mais fácil descobrir isso”, diz.

Com a empresa iniciando com base apenas em um “sonho”, faltava a Campos Neto consolidar uma base de clientes. “Passaram-se três meses sem clientes, e a gente com aquele frio na barriga de saber se fizemos a coisa certa...”, confessa.

E aí vem mais um detalhe relevante da história: no quarto mês, a EDC fechou o primeiro cliente se valendo da falha de um concorrente – e da própria empolgação na conversa com os gestores. A chance veio de uma multinacional já atendida por uma consultoria de RH, mas que relatou demora no processo seletivo em andamento. “Eles disseram que estavam esperando por dois meses pelo profissional adequado a uma vaga e que tinham urgência”, relata.

Sem um profissional em mãos, eles resolveram dar essa “colher de chá” para os dois “novatos”. O desafio era entregar alguém mais adequado ao perfil da demanda. “Em uma semana, apresentamos alguns candidatos, e foi assim que começou nossa jornada”, conta.

Em seguida, vem um segundo momento, ainda mais difícil, de tornar recorrente o negócio. Aos poucos, eles foram traduzindo para os colaboradores o que deu certo para eles e conseguindo desenhar os pilares da empresa para os contratados.

E não são poucos. Dez anos depois, a EDC virou um grupo, com 3 empresas. “Temos 350 funcionários, uma sede em São Paulo, uma filial no interior e abrimos duas fora do Brasil: nos Estados Unidos e na Argentina. Faturamos R$ 30 milhões, mas dá bastante trabalho”, admite.

Apesar disso, o espírito empreendedor falou mais alto. “A pergunta é sempre se o que eu estou me propondo a fazer eu faria se ganhasse zero reais. Tenho prazer em fazer mesmo não ganhando dinheiro? Se você estruturar um negócio só pensando no quanto ele vai trazer de dinheiro, talvez você não entregue toda a paixão e motivação que precisa”, ensina.

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